O papel do crédito na inteligência financeira do varejo
Com margens cada vez mais apertadas e uma concorrência que se reinventa diariamente, o acesso estratégico ao capital deixou de ser diferencial e virou condição de sobrevivência.

Por muito tempo, o crédito foi tratado como um recurso de exceção no setor supermercadista — uma ferramenta de emergência ou apenas um prolongamento do caixa. Mas o tempo mostrou o contrário. Com margens cada vez mais apertadas e uma concorrência que se reinventa diariamente, o acesso estratégico ao capital deixou de ser diferencial e virou condição de sobrevivência. E mais: uma oportunidade de crescimento sustentável.
Por que isso importa agora? Porque vivemos um novo momento. A concessão de crédito aumentou no país, os dados estão mais disponíveis e o setor precisa aprender a usá-los a seu favor. Mas isso não é só sobre crédito fácil. É sobre crédito consciente. Não basta tomar recursos, é preciso saber quando, como e por que usá-los. E isso só acontece quando as empresas passam a enxergar seu ciclo financeiro como um sistema interligado — e não mais como áreas isoladas de decisão.
Quando crédito, pagamentos e supply chain se conversam, o risco diminui, o planejamento melhora e as decisões deixam de ser reativas. Um supermercado que conhece o próprio comportamento de compra e venda pode antecipar recebíveis com mais segurança, negociar melhores condições com fornecedores e investir com mais inteligência. Um distribuidor que enxerga seus dados de forma unificada evita rupturas nas gôndolas e pode ajustar seu capital de giro conforme a necessidade do mercado.
O que o setor precisa entender, de forma urgente, é que a eficiência financeira não está mais em cortar custos, mas em conectar os pontos. Quando as informações fluem entre áreas e parceiros, o crédito vira alavanca, e não ameaça. A previsibilidade passa a existir. A cadeia ganha confiança. E todos têm mais chances de crescer.
Esse é o passo que o setor precisa dar agora. Porque eficiência, no varejo, nunca foi só uma questão de planilha. É, antes de tudo, uma questão de visão.
—Edson Silva, fundador e presidente da Nexxera